Chega mais um mês de setembro e o Rio Grande se veste com as cores de sua
bandeira e faz toda a questão de demonstrar seu amor e respeito às boas e
seculares tradições.
Os gaúchos se trajam a rigor, com bombachas,
botas e lenço no pescoço, enquanto as prendas se enfeitam todas faceiras e
exibem seus vestidos rodados.
Orgulhamo-nos de nosso chimarrão, de
nossas vestes, de nossos campos, de nossa história de perseverança na busca
daquilo em que acreditamos e de nosso espírito de irresignação frente às
injustiças.
Nos Centros de Tradições Gaúchas, o Rio Grande se
encontra, se reencontra e não se cansa de entoar seu hino e reverenciar seus
bons costumes.
Exatamente em adesão a este espírito de congraçamento
e na busca de demonstrar que o gauchismo pode ser cultivado em qualquer
ambiente, o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, ao menos há uma década, tem
se pilchado no mês de setembro, realizando seus julgamentos onde o povo se reúne
e cultua suas tradições.
Ao sabor de um mate bem amargo, com lenço no
pescoço, dentro de um galpão, de um CTG ou mesmo em praça pública e valendo-se
de expressões e versos típicos do Rio Grande, juízes, servidores, advogados,
defensores públicos, promotores de justiça e colaboradores do sistema de justiça
exercitam seu labor e homenageiam a cultura gaúcha.
São as audiências
crioulas, audiências gaudérias, ou audiências gaúchas, que a cada ano tomam mais
fôlego Rio Grande afora, permitindo que o Poder Judiciário e os lidadores do
direito mostrem à comunidade como se busca a realização de um direito, como
acontece uma audiência e como se julga um processo de modo especialmente
público, oportunizando um contato mais próximo, aberto, direto e franco desta
instituição pública com a sociedade a que serve.
Deste modo, fica o
desejo de que a cada ano o Poder Judiciário ande mais perto das pessoas e mostre
a toda a comunidade, com orgulho e respeito à cultura de seu povo, como se
realizam seus atos, como se ouve uma testemunha, como se julga um caso e, melhor
ainda, que assim proceda homenageando os bons costumes deste valoroso Rio
Grande; que julgue e concretize a justiça em um CTG, galpão, praça ou onde
estejam reunidos os gaúchos; que a beleza dos versos das petições, dos pareceres
e das sentenças suavizem o amargo do chimarrão e que seja à moda gaúcha: que a
justiça se realize de pilcha.
Denise Dias Freire, José Luiz Leal
Vieira, Marcelo Malizia Cabral, Marilde Angélica Webber Goldschmidt, Marlene
Marlei de Souza e Osmar de Aguiar Pacheco, Juízes de Direito no Estado do Rio
Grande do Sul.
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