Em duas reuniões
realizadas na manhã dessa terça-feira (8), o Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), fechou parceria com a
Secretaria de Municipal de Educação e Desporto (SMED) para combater
o racismo no ambiente escolar, através de palestras informativas com
direção e professores de instituições de ensino do Município.
Na primeira reunião,
entre a equipe diretiva da SMED, formada pelos Professores Rosa
Morales, Jussara Cruz e Edson Borges, com as representantes do
CEJUSC, Marília Gonçalves, Ivete Oliveira da Silva e Marilaine
Furmann, foram acertados detalhes do projeto que visa combater o
racismo nas escolas da cidade de Pelotas, através de ações que
informem e direcionem um novo olhar sobre o negro na história,
geralmente lembrado de maneira pejorativa.
O encontro foi realizado na sede da SMED, localizado na Avenida Duque de Caxias. |
Uma das pautas desse
primeiro encontro foi a pouca inclusão da raça negra nos livros
escolares, quando muitos professores alegam que o Estado e o
Município não oferecem muitas opções para serem utilizadas junto
aos alunos. A Conciliadora Ivete comentou das experiências que já
teve enquanto professora da rede municipal de ensino, onde a pessoa
negra recebe apelidos como “moreninha” e “mulata”, como se o
fato de ser negro fosse ofensivo, e que isso precisa ser combatido.
Marilaine,
Facilitadora do CEJUSC, comentou que o projeto anti racismo não
busca culpabilizar a sociedade para a forma como o racismo acontece,
mas sim lançar um novo olhar sobre a situação e as relações
sociais entre crianças, brancas ou negras, dentro das instituições
de ensino, que é o primeiro lugar onde o indivíduo começa a
conviver com outras pessoas.
Após a pré reunião
para acerto de detalhes entre as representantes do CEJUSC e a equipe
diretiva da SMED, foi iniciado o encontro com demais gestores e
professores da rede municipal de ensino, principalmente das três
escolas que irão receber o projeto durante o mês de agosto desse
ano, que são: Frederico Ozanan, Mário Meneghetti e Núcleo
Habitacional Getúlio Vargas.
A Conciliadora Ivete
comentou a dificuldade que nota nos educadores em trabalhar o racismo
nas salas de aula, onde também percebe o quanto a criança negra é
discriminada, o que não deveria ocorrer pois é no ambiente escolar,
começando pela pré escola, que a criança tem o primeiro contato
com a educação, e isso pode afetar todo o seu desenvolvimento
futuro.
Ivete também comentou
que para o projeto ter andamento, é necessário que funcionários,
professores e a direção trabalhem juntos, sendo esse justamente o
objetivo principal, visando capacitar gestores escolares para
trabalhar a negritude dentro da sala de aula, além de atualizar o
currículo escolar, com conteúdos que falem a verdade sobre a
história da raça negra, e não verdades inventadas ao longo dos
anos. Essa ideia foi complementada pela Facilitadora Marilaine ao
final, que falou ainda sobre o uso da Justiça Restaurativa para
colaborar nessa mudança de visão, através das ferramentas do
diálogo e da cultura da paz.
A Conciliadora Ivete falou sobre a dificuldade encontrada nas bibliografias trabalhadas na escola. |
A Facilitadora Marilaine comentou do uso da justiça
restaurativa para solucionar problemas dentro da escola.
Algumas obras apresentadas pela Conciliadora Ivete. |
Por fim, foram
apresentadas opções de livros que poderiam ser incluídos no
currículo das escolas, que poderiam contribuir para essa mudança de
paradigma. Entre os autores citados estava Maria Rita Py, autora de
diversos livros de história para crianças, que conta sob uma visão
lúdica e clara, as situações vividas no cotidiano por pessoas da
raça negra.
O
Juiz de
Direito, Diretor do Foro de Pelotas e
Coordenador do CEJUSC,
Marcelo Malizia Cabral, representado
no encontro pela Gestora do CEJUSC, Marília Gonçalves, comemorou
a parceria firmada,
dizendo que “a discriminação racial é causa de muitos conflitos
e, que com a
campanha,
o CEJUSC
pretende contribuir com a prevenção de conflitos e com a
pacificação social”.
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