A APAC Pelotas recebeu mais dois apenados nesta sexta-feira com uma cerimônia de boas-vindas que contou com a presença do Juiz Diretor do Foro, Marcelo Malizia Cabral.
A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) existe há décadas no Brasil como um modelo humanitário de execução da pena, baseado na educação, no trabalho, na disciplina, na família e na espiritualidade.
No início deste ano Pelotas foi o primeiro município do interior do Rio Grande do Sul a implantar o modelo humanizado, amplamente reconhecido pelo baixo índice de reincidência criminal. Na APAC a taxa de apenados que, após a reinserção na sociedade, voltam para o crime é de 10%, enquanto no modelo carcerário tradicional o índice é de 70%.
Apenados em presídios que tenham demonstrado bom comportamento são selecionados pelo juiz de execuções criminais e ganham a oportunidade de cumprir a pena na APAC.
A Associação começou as atividades em Pelotas no meio da pandemia do novo coronavírus, no dia 15 de maio de 2020. Inicialmente, a APAC se mantinha por meio de doações, mas hoje conta com o apoio de várias instituições, incluindo a Prefeitura, o Poder Judiciário e o Governo do Estado.
“Estamos investindo na APAC, mas nunca esquecemos do presídio, porque ainda tem muita gente lá precisando de ajuda. A APAC não visa substituir o modelo convencional, quem dera isso fosse possível, nós oferecemos uma oportunidade diferenciada para aqueles que querem. O preso pode vir para a APAC e se tornar um recuperando, mas ele também pode voltar para o presídio se não quiser ou ainda não estiver preparado para mudar de vida.”, disse Leandro Leitzke Turow, presidente da APAC Pelotas.
De acordo com Leandro, um dos objetivos da APAC é fazer com que o tempo de pena seja usado como uma oportunidade de evolução. Agora 6 recuperandos cumprem pena na Associação, mas a expectativa é que até maio de 2021 sejam 20.
As famílias dos dois novos recuperandos estiveram na cerimônia de boas-vindas e a ocasião foi repleta de emoção. Todos os presentes no local não deixaram de falar sobre a felicidade por ver a família da APAC crescendo.
R.V., um dos novos recuperandos, não via a família há 9 meses e o momento foi de muita felicidade. “Estou cheio de expectativas. Espero uma vida nova. Essa é uma oportunidade única para quem quer mudar e eu sou uma dessas pessoas. O que eu puder fazer para ajudar o projeto a continuar dando certo, eu farei.”, disse ele.
Um agente da SUSEPE que esteve na cerimônia expressou alegria em ver o projeto da APAC crescendo, “nós do presídio estamos impressionados, nossa administração acredita muito na APAC.”
O juiz Marcelo Cabral, que está envolvido desde o ínicio da Associação no município, discursou sobre a importância da iniciativa. “A APAC é vida, alegria, é um espaço de dignidade. Aqui tenho visto uma história maravilhosa de muita solidariedade, amor e comprometimento. A APAC é esperança.”
Um dos 4 recuperandos que já cumpre pena na APAC falou sobre o que sente ao ver novas pessoas chegando: “Toda vez que um novo recuperando, que estava no sistema carcerário, chega, a gente acredita que tá dando certo. Mais na frente vamos poder dizer que ajudamos outras pessoas e não só nós mesmos. Sempre penso nos que vão desfrutar dessa oportunidade e fico muito feliz.”.
L.L. cumpriu pena no sistema penitenciário tradicional por pouco mais de dois anos, agora já completa três meses na APAC e se emociona ao falar do local. “Quando cheguei na APAC vi muita confiança e acolhimento e o quanto essas pessoas acreditam na mudança de qualquer ser humano. Isso mudou completamente a minha maneira de ver o mundo. O que está sendo implantado aqui é o amor.” Ele destacou o respeito da Associação com as famílias dos apenados, “aqui eles olham para nossa família de forma justa e humanizada, isso é fundamental”.
L.L. falou sobre a responsabilidade de fazer parte da APAC e de abrir portas para outras pessoas: “A gente se esforça muito para fazer tudo certo para lá no futuro, um dia, a gente poder olhar e dizer ‘todo o nosso trabalho e a esperança que depositaram em nós deram certo’”.
“No sistema a gente acaba se isolando, acabamos esquecidos e quando chegamos em um lugar assim a nossa esperança de um mundo melhores e de pessoas boas renasce”, disse ele. A APAC está proporcionando a L.L. a chance de realizar o sonho de fazer faculdade, “cheguei aqui de algemas e, se Deus quiser, vou sair com um diploma”.
Como ajudar?
Os professores que ministram as oficinas de leitura e de música são voluntários. Profissionais dispostos a ensinar alguma atividade aos recuperandos também podem ser voluntários da APAC!
Tem interesse? Entre em contato pelo telefone (53) 98112-8284 ou visite a sede na Avenida Presidente João Goulart, 7717, Distrito Industrial de Pelotas.
Texto: Giorgia Ossanes - Assessoria de Comunicação do Foro da Comarca de Pelotas
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